Norberto Bobbio, um dos grandes estudiosos dos extremismos políticos, escreveu que “… a extrema direita distingue-se de outras formas de autoritarismo pela sua ênfase na mobilização emocional das massas e na criação de um “homem novo”, moldado por valores de disciplina, hierarquia e obediência cega ao líder. Essa característica faz com que a extrema-direita seja mais do que um sistema político; ela é, acima de tudo, um projeto de transformação cultural e social”.

 

Outro  historiador deste fenómeno, Michael Mann, escreveu: “ a extrema-direita rejeita os princípios de liberdade individual, igualdade e pluralismo, que são pilares fundamentais das democracias liberais. Em vez disso, promove uma visão organicista da sociedade, onde os indivíduos são vistos como partes de um todo maior – a nação – e devem subordinar os seus interesses pessoais ao bem coletivo. Esta visão é reforçada por uma retórica que exalta a força, a virilidade e a supremacia racial ou cultural, muitas vezes associada a um inimigo interno ou externo que deve ser combatido”.

 

Nestas e noutras definições encontro muitas semelhanças com o  pensamento e atuação do Chega e de André Ventura.

 

Preocupa-me o crescimento sustentado deste partido e o ataque implícito (e quantas vezes, explícito) aos valores da nossa democracia. Senti que não podia deixar-me ficar nos comentários da situação entre amigos. Era demasiado pouco face às ameaças que enfrentamos. Lembrei-me de  uma citação do multipremiado Bangambiki Habyarimana:  “O mundo não será destruído por pessoas más, mas por pessoas boas que não fazem nada para impedir isso. ” Senti-me retratado nesta citação e quis alterar isso.   

E nesta inquietação, encontro força para levar avante este projeto.